terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O Sabá do Sétimo Dia Skip MacCarty 15 de Janeiro de 2015 - Pensamento Cristão

O Sabá do Sétimo Dia
Skip MacCarty
15 de Janeiro de 2015 - Pensamento Cristão
Corretamente entendido e observado, sabá [1] do sétimo dia (sábado) é uma dádiva preciosa de Deus. Milhões de cristãos na minha comunidade de fé o experimentam como tal. Na criação, “abençoou Deus o dia sétimo e o santificou” (Gênesis 2.3); o mandamento do sabá ecoa, “o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou” (Êxodo 20.11).

O sabá é também o sinal escolhido por Deus da criação e da redenção: “para que saibais que eu sou o SENHOR, que vos santifica” (Êxodo 31.13); assim, corretamente entendido e observado, o sabá permanece como um antídoto perpétuo tanto para a teoria da evolução naturalística como para o legalismo. Finalmente, o sabá é o dia designado por Deus para o descanso e o culto, “o sábado do descanso solene, santa convocação” (Levítico 23.3). A Escritura nunca atribui nenhum desses pronunciamentos sagrados, tampouco confere qualquer significado, a qualquer outro dia da semana além do sabá do sétimo dia.

O Novo Testamento confirma os Dez Mandamentos, incluindo o sabá do sétimo dia, como a vontade de Deus para o seu povo. Referências e alusões aos Dez Mandamentos abundam no ministério de Jesus e no restante do Novo Testamento (por exemplo, Mateus 5.17-19; Marcos 2.27-28; 7.9-13; 10.17-22; Lucas 23.56; Romanos 2.21-22; 7.7; 1Coríntios 6.9-11; Efésios 6.1-3; Hebreus 4.4; Tiago 2.10-12). Era o “costume” de Jesus e dos apóstolos observar o sabá da maneira que seria esperada daqueles que acreditassem em sua universalidade e permanência (Lucas 4.16; Atos 17.2). Jesus cumpriu a lei atribuindo um significado mais profundo aos mandamentos, sem destruir a sua aplicação original (Mateus 5.17-20; 11.28-12.8). O livro de Apocalipse é permeado de alusões diretas e indiretas a, pelo menos, sete dos Dez Mandamentos, incluindo o mandamento do sabá. João recebeu a sua visão no “dia do Senhor” (Apocalipse 1.10).

O Dia do Senhor é a designação da Escritura para o sabá do sétimo dia: “o sábado do SENHOR, teu Deus” (Êxodo 20.10); “meus sábados” (Levítico 19.3); “meu santo dia [...] santo dia do SENHOR” (Isaías 58.13); o dia do qual Jesus se disse “senhor” (Lucas 6.5). Se Deus houvesse dado essas designações ao domingo ou a qualquer outro dia, isso não seria citado como evidência para a sua santidade e sua reivindicação exclusiva de ser o “dia do Senhor”? A alusão, em Apocalipse 11.19, à entrega dos Dez Mandamentos no Sinai sugere que as referências subsequentes aos “mandamentos de Deus”, os quais o povo de Deus do último dia obedece em amor por meio da fé em Jesus, incluem os Dez Mandamentos (12.17; 14.12). O apelo escatológico para que se adore “aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (14.7) toma linguagem emprestada diretamente do mandamento do sabá. A evidência escriturística me parece clara e convincente de que os Dez Mandamentos, inclusive o sabá do sétimo dia, são permanentes e universais.

O Novo Testamento jamais muda o mandamento do sabá. As oito referências ao “primeiro dia” nos evangelhos se referem, exclusivamente, ao próprio dia em que Jesus ressuscitou e apareceu aos crentes para lhes assegurar que ele estava vivo, ou ao domingo imediatamente subsequente, quando ele apareceu para convencer o duvidoso Tomé. Os intérpretes que advogam a sacralidade do domingo baseados na referência de Atos 20.7 ao partir do pão no primeiro dia precisam ignorar que os crentes primitivos “partiam o pão” diariamente (2.46; 27.35). Renomados estudiosos de diversas tradições protestantes (as referências estão citadas em meu ensaio no livro Perspectives on the Sabbath: Four Views [N.T.: Sem tradução em português]):

Consideram que o apelo de 1Coríntios 16.1-2 acerca da “coleta para os santos” no domingo não tem relação com um culto de adoração corporativa;
Apresentam evidências de que a repreensão de Gálatas 4.8-11 quanto à observância de dias especiais se refere aos dias sagrados pagãos, não ao sabá do Decálogo;
Ensinam que os “dias” sobre cuja observância cada um deve ter “opinião bem definida em sua própria mente” se referem aos dias judaicos de jejum (“assuntos controvertidos”, 14.1, NVI), e não ao sabá do Decálogo;
Concluem que a referência a “dias de sábado” (NVI) ou “sábados” (ARA) em Colossenses 2.16-17 não afasta a existência de um sabá do Novo Testamento e apresentam forte evidência de que os sábados sombrios dessa passagem, cuja substância veio em Cristo, são na verdade os sábados cerimoniais do Antigo Testamento, e não o sabá do sétimo dia do Decálogo (cf. Hebreus 10.1-4).
Os judaizantes certamente teriam resistido a qualquer tentativa de mudar o sabá do Decálogo com ainda maior intensidade do que lutaram contra a revelação do Espírito Santo de que a circuncisão, a qual não era uma ordenança da criação nem um dos Dez Mandamentos, não mantinha nenhuma significância espiritual na era do Novo Testamento (Atos 15). Mas nenhum traço de semelhante controvérsia acerca do sabá existe em Atos ou no restante do Novo Testamento. Muito pelo contrário: “A circuncisão, em si, não é nada; a incircuncisão também nada é, mas o que vale é guardar as ordenanças de Deus” (1Coríntios 7.19).

Os dispensacionalistas sustentam que o sabá era exclusivamente para Israel e passou juntamente com a antiga aliança. Se fosse o caso, o mesmo seria verdade acerca dos outros nove mandamentos do Decálogo. Mas, embora de fato Deus tenha escolhido o sabá como o sinal do pacto entre Si mesmo e o “povo de Israel” (Êxodo 31.17), ele também estabeleceu a nova aliança exclusivamente com “a casa de Israel”, a descendência espiritual de Abraão, todos aqueles que “são da fé” (Hebreus 8.8, 10; Gálatas 3.7, 29; ver Isaías 56). Uma vez que tanto a nova aliança quanto o sabá, o sinal da aliança de Deus, foram dados a Israel, se o sabá se aplicasse exclusivamente a Israel, então o mesmo ocorreria com a nova aliança. Contudo, assim como a nova aliança especificamente firmada com a “casa de Israel” se aplica a todos aqueles que “são da fé” (Gálatas 3.7), também o sabá – o “sinal” escolhido por Deus entre Si mesmo e Israel – do mesmo modo se aplica, universal e permanentemente, a todos aqueles que “são da fé”.

Hebreus 4.9 dispõe explicitamente: “Portanto, resta um repouso [no grego, sabbatismos] para o povo de Deus”. Sabbatismos “denota a observância ou a celebração do sabá” (A.T. Lincoln, From Sabbath to the Lord’s Day, p. 213 [N.T.: publicado em português pela Editora Cultura Cristã sob o título Do Shabbath para o Dia do Senhor]). Nunca na Escritura a palavra sabbatismos ou o seu verbo cognato sabbatiz? se referem ao domingo ou a alguma experiência espiritual nebulosa. O “descanso sabático” que “resta [...] para o povo de Deus” em Hebreus 4.9 é o sabá instituído na criação, tal como explicitamente indicado apenas quatro versículos antes (Hebreus 4.4, citando Gênesis 2.2): “E descansou Deus, no sétimo dia, de todas as obras que fizera”.

Com efeito, Efésios 5 e Hebreus 4 tratam de modo semelhante o casamento e o sabá do sétimo dia, ambos ordenanças da criação, ao:

Afirmarem sua origem na criação (Efésios 5.31; Hebreus 4.4),
Atribuírem a cada um deles santidade e significado mais profundos, com base no ministério expiatório de Jesus e na sua relação com o crente (Efésios 5.32; Hebreus 4.6), e
Afirmarem a aplicação do casamento e do sabá como ordenanças que permanecem no Novo Testamento (Efésios 5.33; Hebreus 4.9).
O sabá do sétimo dia está indissoluvelmente ligado a Jesus. Jesus, o arquiteto da criação (João 1.1-3), descansou no sétimo dia em celebração à sua obra concluída (Gênesis 2.2) e, como o “Autor e Consumador da fé” (Hebreus 12.2), descansou no túmulo no sabá entre a Sexta-feira Santa e o Domingo de Páscoa, na consumação do seu ministério terreno de redenção (Lucas 23.52-24.2). Como a Rocha espiritual que acompanhava Israel em suas jornadas (1Coríntios 10.4), Jesus anunciou os Dez Mandamentos ao seu povo (Deuteronômio 4.12-13), gravou-os em pedra com o seu dedo (êxodo 31.18) e os escreve no coração do seu povo pelo seu Espírito, em cumprimento à promessa da sua nova aliança (Deuteronômio 30.6, 11-14; Salmo 40.8).

Então, Jesus podia corretamente declarar-se o único legítimo “Senhor até mesmo do sábado” (Marcos 2.28, NVI). Naquela mesma ocasião ele declarou: “O sábado foi estabelecido [no grego, egeneto] por causa do homem [anthropos]” (Marcos 2.27). Egeneto (literalmente, “veio à existência”) ocorre vinte vezes na história da criação em Gênesis 1 e três vezes em João 1.3, o que revela Jesus como o único por meio de quem todas as coisas foram “estabelecidas” ou criadas. Anthropos é o termo genérico grego para a humanidade. Assim, Jesus afirmou a origem criacional e o caráter universal do próprio sabá do qual ele é Senhor.

Assim como Jesus é o foco da nossa adoração sabática hoje, assim também ele o será na nova terra. Nos “novos céus e [na] nova terra [...] De uma lua nova a outra [seria melhor traduzir “de um mês a outro”; para referências acadêmicas, ver Perspectives on the Sabbath: Four Views] e de um sábado a outro, toda a humanidade virá e se inclinará diante de mim, diz o Senhor” (Isaías 66.22-23, ênfase acrescida). A referência aos “novos céus e nova terra” em Isaías 65-66 ecoa Gênesis 1-2, vislumbrando a restauração por Deus da terra a condições edênicas. No Éden e na nova terra:

Aos homens são dadas oportunidades recompensadoras de trabalho (Gênesis 1.26, 28; 2.15; Isaías 65.21),
Aos animais são dadas plantas por comida (não uns aos outros) (Gênesis 1.30; Isaías 65.25),
O sabá do sétimo dia é o tempo designado por Deus para descanso e adoração (Gênesis 2.3; Isaías 66.23).
Assim, a observância do sabá do sétimo dia “resta [...] para o povo de Deus” (Hebreus 4.9), de modo universal e permanente, como o sinal da aliança e Deus com a sua igreja, demonstrando que ele é o nosso Criador, o nosso verdadeiro descanso e o nosso Redentor – “para que saibais que eu sou o SENHOR, que vos santifica” (Êxodo 31.13). Eu convido você a experimentar o sabá do sétimo dia por si mesmo e ver se a variedade de significados que Deus lhe atribui, assim como as bênçãos da comunhão com Deus que ele oferece na sua observância, não enriquecerão a sua vida e aprofundarão a sua caminhada com Jesus – o seu Criador, Redentor e Senhor.

Nota:

[1] N.E.: Sabá é a transliteração em português do termo em hebraico. Alguns textos usam sábado ou sabbath (transliteração em inglês). Optamos por sabá por ser um termo em português e distinto do dia da semana. Contudo, não se deve confundir com a rainha de Sabá de 1 Reis 10:4.

Observação:

Este artigo é parte da série "Sabá: O Debate Incansável", na qual serão publicados artigos defendendo diferentes posições para que nosso leitor tenha uma compreensão mais abrangente sobre o assunto. Sendo assim, a postagem de uma posição específica não indica o posicionamento oficial deste ministério. Veja a lista de artigos sobre o assunto:

1) Sabá: Definindo o Debate
2) O Sabá do Sétimo Dia
3) O Sabá Puritano
4) O Sabá Luterano
4) O Sabá Realizado
5) Sabá: um Chamado para Descansar em Cristo

Sabá: Definindo o Debate R. C. Sproul 08 de Janeiro de 2015 - Pensamento Cristão

Sabá: Definindo o Debate
R. C. Sproul
08 de Janeiro de 2015 - Pensamento Cristão
A questão da observância do sabá [1], historicamente, tem provocado muitos debates e controvérsias que envolvem distintos problemas. O primeiro grande debate acerca do sabá é se, como uma ordenança do Antigo Testamento particularmente enfatizada na aliança mosaica, ele ainda é obrigatório no contexto do cristianismo da nova aliança. Agostinho, por exemplo, acreditava que nove dos Dez Mandamentos (a assim chamada “lei moral” do Antigo Testamento) permaneciam intactos e recaíam como obrigação sobre a igreja cristã. Sua única exceção era o mandamento concernente ao dia do sabá. Uma vez que Paulo falara sobre guardar ou não guardar o sabá como uma questão adiáfora (indiferente), Agostinho estava convencido de que a lei do sabá do Antigo Testamento fora abrogada. Outros têm sustentado que, por não ter sido originalmente instituído na economia mosaica, mas na criação, o sabá mantém seu caráter de lei moral enquanto a criação estiver intacta.

A segunda principal controvérsia é a questão acerca do dia da semana em que o sabá deve ser observado. Alguns insistem que, uma vez que o sabá foi instituído no sétimo dia da semana, quando Deus descansou de sua obra, e uma vez que os israelitas do Antigo Testamento celebravam o sabá no sétimo dia da semana, que é o sábado, nós deveríamos seguir esse padrão. Outros têm insistido que o Novo Testamento mudou o sabá para o primeiro dia da semana, por causa da significância da ressurreição de Jesus naquele dia. Eles também apontam a prática neotestamentária dos cristãos de se reunirem no domingo, o Dia do Senhor, para cultuar. A discussão diz respeito a se o sabá é um mandamento cíclico que exige culto e descanso num dia a cada sete, ou se deve ser observado num dia da semana em particular. João Calvino sustentava que seria legítimo ter um sabá em qualquer dia, se houvesse consenso de todas as igrejas, porque o princípio em vista seria o ajuntamento regular dos santos para adoração corporativa e para a observância do descanso.

Na tradição reformada, a controvérsia mais importante que surgiu durante os séculos é a questão de como o sabá deve ser observado. Há duas posições proeminentes na tradição reformada acerca dessa questão. Para simplificar, referiremo-nos a elas como a visão continental do sabá e a visão puritana do sabá. Ambas as visões reconhecem que o sabá continua em vigor. Ambas as visões concordam que o sabá é um período para adoração corporativa. Ambas concordam que o sabá é um dia de descanso em que os crentes devem se abster de comércios desnecessários. Mas há duas áreas de disputa entre as duas escolas e a mais importante delas é a questão da recreação. Será a recreação uma forma legítima de gozar o descanso, ou será a recreação algo que arruína a santa observância do dia do sabá?

A visão puritana argumenta contra a aceitabilidade da recreação no dia do sabá. O texto mais comumente citado para sustentar essa visão é Isaías 58.13-14, que diz: “Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então, te deleitarás no SENHOR. Eu te farei cavalgar sobre os altos da terra e te sustentarei com a herança de Jacó, teu pai, porque a boca do SENHOR o disse”.

O ponto crucial dessa passagem é a repreensão profética às pessoas que cuidavam de seus próprios interesses no dia do sabá. A presunção que muitos estabelecem nesse texto é que cuidar dos próprios interesses se refere à recreação. Se for esse o caso, o profeta Isaías está acrescentando novas dimensões à lei do Antigo Testamento concernente à guarda do sabá. Enquanto o resto do Antigo Testamento virtualmente silencia a respeito da recreação, esse texto em Isaías é citado para indicar uma revelação adicional de Deus acerca da observância do sabá – uma proibição de recreação.

Há um outro modo de entender Isaías 58, contudo, seguindo o pensamento daqueles que mantêm a visão continental do sabá. A distinção em Isaías 58 é entre fazer o que agrada a Deus e fazer o que agrada a nós mesmos em oposição àquilo que agrada a Deus. Presumivelmente, o que está em questão na repreensão do profeta é o julgamento de Deus contra os israelitas por violarem a lei mosaica com respeito ao dia do sabá, particularmente em relação ao envolvimento no comércio. Havia israelitas que desejavam poder comprar e vender sete dias por semana, não apenas seis dias por semana. Portanto, eles violavam o mandamento do sabá ao buscarem seus próprios interesses, que consistiam em fazer negócios no sabá em vez de fazer o que era agradável a Deus. De acordo com essa visão, o texto nada diz, direta ou indiretamente, acerca da recreação no dia do sabá.

Há uma antiga história, talvez apócrifa, de que quando John Knox veio a Genebra visitar João Calvino em sua casa, no sabá, ele teria se espantado ao encontrar Calvino participando de um jogo de bocha. Se for verdadeiro, o evento pode indicar que o teólogo mais devotado à guarda do sabá na história, Calvino, não considerava a recreação uma quebra do Dia do Senhor, mas uma parte do descanso ou da recreação que deve ser parte desse dia. A recreação nunca seria aceitável para Calvino se interrompesse ou suplantasse o tempo dedicado ao culto no sabá.

Um outro ponto de debate permanece entre os dois lados dessa polêmica. Ele diz respeito às obras de misericórdia realizadas no sabá. O exemplo de Jesus é citado para afirmar que, no sabá, ele se envolvia não apenas em culto e descanso, mas também em obras de misericórdia. Tais obras o puseram em conflito com os fariseus acerca da questão da guarda do sabá. Alguns têm chegado à conclusão de que, uma vez que Jesus realizou obras de misericórdia no sabá, o cristão está obrigado a fazer o mesmo. Contudo, o fato de que Jesus fez obras de misericórdia no sabá, embora claramente revele que é lícito fazê-lo, não nos obriga a fazer tais obras no sabá. Em outras palavras, o exemplo de Jesus nos ensina que nós podemos fazer obras de misericórdia no sabá, mas não que nós devemos fazer tais obras no sabá.

Todas essas questões continuam a ser examinadas e debatidas à medida que a igreja busca compreender como Deus é mais honrado nesse dia.

Nota:

[1] N.E.: Sabá é a transliteração em português do termo em hebraico. Alguns textos usam sábado ou sabbath (transliteração em inglês). Optamos por sabá por ser um termo em português e distinto do dia da semana. Contudo, não se deve confundir com a rainha de Sabá de 1 Reis 10:4.

Observação:

Este artigo é parte da série "Sabá: O Debate Incansável", na qual serão publicados artigos defendendo diferentes posições para que nosso leitor tenha uma compreensão mais abrangente sobre o assunto. Sendo assim, a postagem de uma posição específica não indica o posicionamento oficial deste ministério. Veja a lista de artigos sobre o assunto:

1) Sabá: Definindo o Debate
2) O Sabá do Sétimo Dia
3) O Sabá Puritano
4) O Sabá Luterano
4) O Sabá Realizado
5) Sabá: um Chamado para Descansar em Cristo

O Sabá Realizado - Craig L. Blomberg 05 de Fevereiro de 2015 - Pensamento Cristão

Cada vez menos cristãos reservam um dia da semana para a adoração e para o descanso de todas as formas de trabalho. Deveríamos nos preocupar com isso? Os adventistas do sétimo dia e os batistas do sétimo dia dizem que sim e sustentam que o dia do sabá deve ser o sábado.

Alguns tipos de presbiterianos e de cristãos reformados, juntamente com outros influenciados pelo legado dos puritanos, respondem “sim” com a mesma ênfase, contudo insistem que o domingo é o sabá cristão. Ainda há aqueles que defendem o princípio de descansar um dia a cada sete, mas não se preocupam com qual seja o dia da semana, uma vez que os pregadores, por exemplo, dificilmente podem descansar no dia em que lideram os cultos de adoração. Alguma dessas três perspectivas está correta? Na verdade, não.

Jesus declarou: “Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir” (Mateus 5.17, NVI). É um contraste incomum. Normalmente, quando alguém diz não estar abolindo alguma coisa, continua e diz estar preservando-a intacta. Mas não é assim que a palavra cumprir é usada na Bíblia. Apenas em Mateus, seu significado mais comum é “realizar aquilo que estava predito” ou “dar o significado pleno a algo que estava apenas parcialmente descoberto” (por exemplo, 1.22; 2.15, 17, 23; 3.15; 4.14). Cristãos de todos os tipos reconhecem que não precisam trazer animais à igreja para serem mortos e oferecidos como sacrifícios por seus pecados, muito embora tal prática fosse central a todo o sistema de adoração da antiga aliança. Cristo é de uma vez por todas o nosso sacrifício pelos pecados; assim, o modo como observamos as muitas leis sacrificiais de Levítico hoje é confiando em Jesus para o perdão dos pecados. O Novo Testamento introduz igualmente muitas outras mudanças na lei do Antigo Testamento – todos os alimentos agora são ritualmente puros, de modo que não há problema em comer porco ou camarão (Marcos 7.19). Nós não precisamos ir a um lugar definido para os rituais do templo, porque adoramos em qualquer lugar no qual possamos nos reunir “em Espírito e em verdade” (João 4.24). Homens cristãos não precisam ser circuncidados, muito embora esse fosse um dos mais fundamentais de todos os mandamentos judaicos, precedendo até a entrega da lei no Monte Sinai (Gênesis 17). Em vez disso, hoje Deus aceita igualmente todos os povos com base na “fé que atua pelo amor” (Gálatas 5.6). A lista de mudanças semelhantes é longa.

Mas o que dizer dos Dez Mandamentos? Certamente eles têm algo de especial e são especialmente atemporais de maneiras que o restante da lei da antiga aliança não é. Apesar de uma longa história de pensamento cristão nessa linha, nada na Bíblia jamais afirma isso. Toda a Escritura é vista como uma unidade (Tiago 2.8-11). Os judeus criam que todas as suas leis eram imutáveis. Era isso que tornava tão difícil para muitos deles aceitar Jesus como enviado do céu; ele estava desafiando suas leis eternas. Não importava se ele deixaria muitas delas aparentemente intactas; o seu ensino de que a nova era da história humana, a qual ele estava inaugurando, iria mudar algumas dessas leis deixava muitas pessoas inflamadas. Apenas Deus poderia mudar a lei de Deus. Mas, se Cristo era Deus, então ele tinha esse direito. Se ele não era, seu ensinamento era blasfemo. Os cristãos, contudo, creem que Jesus é Deus. Assim, ainda que uma lei apareça nos Dez Mandamentos, nós não podemos presumir que ela adentra a era do novo pacto sem mudanças. Nós precisamos examinar como Jesus e os apóstolos a trataram antes de podermos entender se ela ainda é obrigatória.

O que, então, o Novo Testamento ensina acerca da lei do sabá, um mandamento dentre os famosos dez (Êxodo 20.10)? Jesus não responde essa questão tão explicitamente quanto gostaríamos; se o tivesse feito, não estaríamos debatendo este assunto hoje. Porém, em todos os seus encontros com os líderes religiosos do seu povo, ele os reprova por impedi-lo de fazer o bem aos sábados, especialmente no que concerne a curar pessoas. Curiosamente, porém, ele jamais cura alguém cuja vida esteja em perigo iminente. Uma mulher andava encurvada há dezoito anos (Lucas 13.10-11). Um homem estava inválido há trinta e oito (João 5.5, 9).

Podemos imaginar os fariseus argumentando com Cristo: certamente ele poderia esperar mais um dia para curar aquelas pessoas, de modo que não profanasse o sabá divino. Certa vez, os discípulos de Jesus colheram algumas espigas em um campo, no sabá, presumivelmente para comê-las, mas nada implica que eles estivessem à beira da inanição (Marcos 2.23). Contudo, a defesa de Jesus para o seu comportamento apresenta um precedente amplo para mudanças: “O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Marcos 2.27).

Ao curar um homem com uma mão ressequida no sabá, Jesus ensina que é lícito fazer o bem no sabá (Marcos 3.4). Qualquer comportamento que ajude alguém, que embeleze o mundo, que faça avançar a vontade de Deus, que promova o trabalho honesto ou que proveja recreação ou prazer ao povo de Deus é considerada “boa” na Bíblia e é, portanto, lícito realizá-lo no sabá. Essa é a atitude que deu à primeira geração de cristãos a liberdade de transferir o culto do sabá judaico no sétimo dia para o domingo, o primeiro dia da semana (Atos 20.7; 1Coríntios 16.2). Foi isso que os conduziu a chamar o domingo de “o Dia do Senhor” (Apocalipse 1.10).

Mas os cristãos de modo algum transferiram tudo o que havia no sabá judaico do sábado para o domingo. Os crentes gentios, que compreendiam a maior parte da igreja da metade do primeiro século em diante, não tinham em suas comunidades um dia semanal para o descanso. Gregos e romanos tinham diversos feriados mensais, de acordo com os diversos calendários religiosos festivos que seguiam. Porém, a menos que algum desses feriados caísse num domingo, os cristãos gentios tinham que trabalhar o dia inteiro no primeiro dia da semana e encaixar a adoração e a comunhão ou na manhã do domingo, antes do amanhecer, ou na noite do sábado ou do domingo, após o anoitecer. Foi apenas depois de Constantino tornar-se o primeiro imperador cristão, no início do quarto século, que o domingo foi legalizado como um dia santo (e portanto feriado) no Império Romano.

Muitos dos escritores cristãos do segundo e do terceiro séculos até mesmo falavam da guarda do sabá como uma prática “judaizante” – que levava de volta ao legalismo que Cristo viera abolir. Aquilo provavelmente era uma reação exagerada, a menos que as pessoas que guardassem o sabá, seja no sábado ou no domingo, estivessem tentando obrigar outros a segui-los. Afinal, em Romanos 14.5, Paulo escreveu: “Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente”. Esse mandato é dado no contexto do descanso no capítulo 14, no qual Paulo aborda questões que estavam dividindo os cristãos em Roma. No coração do debata estava o sabá e outros dias festivos, bem como as leis alimentares, acerca das quais Paulo diz, em poucas palavras: parem de julgar uns aos outros (v. 13).

Colossenses 2.16 é ainda mais claro: “Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo”. Aqui nós vemos a costumeira tríade judaica de dias santos – festas anuais como a Páscoa, Tabernáculos ou o Dia da Expiação; dias festivos mensais e o sabá semanal. Os cristãos são livres para celebrá-los ou não, e os outros cristãos não devem julgá-los por suas escolhas. A encarnação de Cristo é a realidade que os dias santos preanunciavam. Os seguidores de Jesus vêm a ele e recebem descanso “24 por 7”, como dizemos hoje, porque o seu jugo é suave e o seu fardo é leve (Mateus 11.28-30). Nossa vida inteira é um descanso sabático, preanunciando o nosso descanso eterno (Hebreus 4.9-11).

Estou dizendo, então, que o culto e o descanso são opcionais para os cristãos? De modo algum. Nós precisamos de ambos e precisamos deles com frequência. O que estou dizendo é que o Novo Testamento insiste que não nos atrevamos a legislar ou exigir um dia em sete para essas coisas. O corpo de cada pessoa é diferente, assim como são suas exigências de trabalho, suas oportunidades de se reunirem com outros crentes e suas necessidades espirituais em geral. Em um mundo viciado em trabalho, que com tanta frequência fragmenta famílias e igrejas, tenhamos o descanso que nos for necessário e cultuemos com frequência juntamente com o povo de Deus. E que as igrejas criem mais cultos, no sábado à noite ou em outros dias da semana, para aqueles que não podem vir ou não vêm aos domingos. Com efeito, sejamos cada vez mais criativos em como alcançar os desigrejados e os que precisam de salvação. Mas não podemos fingir que a panaceia para os nossos problemas na igreja e na sociedade esteja em retornar a um sabá supostamente idílico que, antes de tudo e em grande parte, foi uma invenção dos puritanos.

Nota:

[1] N.E.: Sabá é a transliteração em português do termo em hebraico. Alguns textos usam sábado ou sabbath (transliteração em inglês). Optamos por sabá por ser um termo em português e distinto do dia da semana. Contudo, não se deve confundir com a rainha de Sabá de 1 Reis 10:4.

Observação:

Este artigo é parte da série "Sabá: O Debate Incansável", na qual serão publicados artigos defendendo diferentes posições para que nosso leitor tenha uma compreensão mais abrangente sobre o assunto. Sendo assim, a postagem de uma posição específica não indica o posicionamento oficial deste ministério. Veja a lista de artigos sobre o assunto:

1) Sabá: Definindo o Debate
2) O Sabá do Sétimo Dia
3) O Sabá Puritano
4) O Sabá Luterano
4) O Sabá Realizado
5) Sabá: um Chamado para Descansar em Cristo

A Devoção Cristã num Tempo de Mudanças - Franklin Ferreira

A Devoção Cristã num Tempo de Mudanças
Franklin Ferreira
19 de Fevereiro de 2014 - Vida Cristã
Vivemos numa época caracterizada por irracionalidade, relativismo, individualismo, consumismo e violência. O surpreendente é que há uma semelhança muito grande entre o nosso tempo e a época em que o cristianismo surgiu. O que se vê é o ressurgimento de uma cultura pagã, muito parecida com a do tempo em que Jesus Cristo e os apóstolos viveram.

A igreja cristã hoje é desprezada pelo mundo, tendo de lutar por sua sobrevivência ao lado de muitos outros movimentos religiosos. Essas mudanças, que estão ocorrendo na sociedade, têm tido poderosa influência sobre nossa doutrina, nossa pregação e nossa forma de ser igreja.

Concluindo o livro, este capítulo é dividido em duas partes. Na primeira, examinaremos brevemente o atual cenário e seu impacto nas formas de pensar e se posicionar da igreja evangélica em nosso país; na segunda parte, examinaremos como os personagens que foram considerados nesta obra podem ajudar-nos a manter a fé evangélica de forma fiel à herança cristã.

“Admirável mundo novo”

É comum percebermos no meio evangélico a influência deste novo paganismo, que leva muitas igrejas e denominações a adotar ordens de culto e liturgias em que o sentimento de reverência cede lugar à descontração, e o bem-estar do fiel se torna mais importante que a sua humilhação e dedicação a Deus. O Senhor Deus é transformado numa espécie de força, disponível sempre que necessário, mas que não incomoda, pois não exige nenhum tipo de mudança de comportamento ou santidade.

Nesse contexto, em que a pregação da Palavra de Deus muitas vezes é desprezada, a música produz um elevado clima emocional, onde é proposta uma teologia que se apoia vagamente no Evangelho, mas que, na verdade, é baseada numa experiência emocional dos crentes, sem um apelo à razão.

A crítica à razão e à instituição, além de promover divisões nas igrejas e uma desconfiança quanto aos ministros cristãos, as tem deixado sem defesa para as novas tendências teológicas. Por isso, os cristãos de hoje não veem dificuldades ou problemas em assumir conceitos e palavras que fazem parte de outros grupos religiosos, inclusive dos que são o oposto ao cristianismo.

Podemos ver essa descaracterização do evangelho naqueles que acreditam em simpatias, em benzedeiras, em copos de água em cima do rádio ou da televisão, imitando o catolicismo popular, resgatando até mesmo superstições da Idade Média, como a comercialização de óleo ungido, da água do rio Jordão, etc. Algumas pessoas viajam quilômetros apenas para orar com alguém que tem supostos dons especiais, ou uma oração mais poderosa. Infelizmente, em algumas igrejas, podemos perceber semelhanças com os cultos de matriz africana, cujo discurso se prende à obsessão por demônios, pela qual passa a igreja evangélica no Brasil. A vida cristã passa a ser movida por eventos supérfluos como os shows gospel e a “Marcha para Jesus”. E, como se não bastasse, a teologia da prosperidade, com seu vocabulário sem significado, tem substituído a simplicidade bíblica, centrada em Cristo Jesus.

O mais trágico é que há igrejas ensinando que, para uma pessoa ser salva, ela precisa cumprir uma elaborada lista de itens, da qual constam: receber o Senhor Jesus como único salvador, participar das “reuniões de libertação” para se ver livre do Diabo, buscar o batismo com o Espírito Santo, andar em santidade, ler a Bíblia todos os dias, evitar más companhias, ser batizado, frequentar as reuniões de membros da igreja, ser fiel nos dízimos e nas ofertas, orar sem cessar e vigiar.

E, mais trágico ainda, mesmo cumprindo toda esta lista, no entender dessas lideranças eclesiásticas, um cristão pode vir a perder a salvação. Entretanto, as Escrituras claramente nos ensinam que homens e mulheres pecadores são declarados justos apenas pela fé, apenas em Cristo; parece que os dirigentes desses movimentos religiosos nunca leram as epístolas de Paulo aos Romanos e aos Gálatas, assim como a epístola aos Hebreus.

Como resultado, o que podemos constatar é que os cristãos muitas vezes são pobres em cultivar amizades profundas e verdadeiras, fazendo com que a comunhão entre os irmãos seja fraca ou inexistente. É por isso que poderíamos sugerir que a igreja tem sido influenciada pelo contexto cultural em que vivemos, preso às emoções e individualidades.

Por outro lado, no começo do século xix, como fruto do Iluminismo, surgiu na Europa um novo movimento teológico, chamado de liberalismo teológico, que tem tido forte impacto sobre os seminários teológicos no Brasil, onde são formados os futuros pastores. O liberalismo teológico se tornou uma espécie de dossel sobre o qual se abrigam teólogos de várias tendências, muitas vezes amorfas, mas que compartilham dos mesmos pressupostos básicos, racionalistas, anti-sobrenaturalistas – por não crerem numa revelação sobrenatural ou em qualquer tipo de milagre e, no fim, ateístas.

Esses teólogos compartilham o desprezo pelos enunciados cristãos mais básicos, as doutrinas da Criação, da inspiração das Escrituras, do nascimento virginal de Cristo, de sua morte salvadora e ressurreição e do seu retorno final, triunfante. Essas doutrinas passaram a ser severamente criticadas ou claramente negadas por eles, numa tentativa de reinterpretar o cristianismo histórico.

Tal movimento chegou ao Brasil, trazido por missionários estrangeiros, em meados de 1960, e as principais denominações históricas brasileiras – presbiterianos, batistas, metodistas e luteranos – acabaram sofrendo forte influência nessa mudança teológica, ocorrida especialmente nos seminários teológicos, mas com reflexos nas igrejas locais.

Mas, como J. Gresham Machen escreveu no começo do século xx, “liberalismo não é cristianismo”. Os liberais, imitando a velha heresia gnóstica, tentaram reinterpretar o cristianismo, justamente para não assumirem em público a diferença entre essas duas cosmovisões antagônicas.

Por  consequência, teólogos  oriundos  desse  movimento  acabam usando linguagem ambígua, para permanecerem ligados às igrejas e seminários das principais denominações no país.

Augustus Nicodemus Lopes acertadamente afirma:

O liberalismo teológico nasceu, alimentou-se e viveu como um parasita, usando o corpo, as energias, os recursos e a vida das organizações eclesiásticas fundadas e financiadas por conservadores. Os primeiros liberais eram ministros de denominações conservadoras – embora já minadas pelas ideias do Unitarismo e do Iluminismo –, de onde tiraram seu sustento e onde ganharam respeitabilidade. Mesmo que tenham mudado suas crenças, não largaram o corpo de onde se alimentavam. Pois não teriam para onde ir.

E, por isso mesmo, precisamos ser constantemente lembrados: liberalismo não é cristianismo!

Essas várias tendências são extremamente perigosas, porque o cristianismo, que sempre sofreu ameaças de ser seduzido pela cultura de seu tempo – e por vezes sucumbiu a ela –, mais uma vez está diante do mesmo desafio. A partir desse quadro, podemos perceber com clareza que o resultado de tal capitulação será uma espiritualidade superficial e sem significado, num contexto onde a igreja evangélica está correndo risco de deixar de ser igreja evangélica, comunidade estabelecida sobre a mensagem do evangelho da graça livre de Deus.

Precisamos lembrar que as antigas confissões de fé, seguindo os ensinamentos das Escrituras, afirmavam que a pureza de uma igreja se mede pela fidelidade com a qual o Evangelho é pregado – o que inclui as doutrinas centrais do cristianismo – e as ordenanças celebradas – o que aponta para a teologia prática das igrejas –, e não pela quantidade de membros agregados.

Uma direção para a igreja

As personagens consideradas neste livro podem ajudar-nos a retomar o rumo, na medida em que descobrimos através de seus exemplos, o que fazer para manter a igreja fiel ao evangelho. Podemos resumir essa ajuda em três pontos.

Se desejamos ser uma igreja fiel, precisamos redescobrir as doutri nas centrais da fé cristã, e isso não é uma tarefa fácil. Precisamos estudar todas as doutrinas bíblicas, buscando saber quais são aquelas cujo conhecimento é vital para nossa salvação e quais são aquelas em que podemos ter opiniões diferentes.
A partir do estudo dos nossos biografados, e como ponto de partida para uma renovação evangélica, somos convidados, em nome do testemunho cristão, da clareza e da honestidade, a oferecer com coragem nossa confissão de fé neste tempo. As bases de fé da Comunidade Cristã de Universidades e Faculdades Cristãs (UCCF) são um um resumo fiel das crenças vitais da tradição cristã e evangélica:

Deve-se crer:

Na existência de um só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, um em essência e Trino em pessoa.

Na soberania de Deus na Criação, Revelação, Redenção e Juízo Final. Na inspiração divina, veracidade e integridade da Escritura, tal como revelada originalmente, e sua suprema autoridade em matéria de fé e conduta.

Na pecaminosidade universal e culpabilidade de todos os homens, desde a queda de Adão, colocando-os sob a ira e a condenação de Deus. No Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado, plenamente Deus; ele nasceu da virgem; foi plenamente homem, mas sem pecado; ele morreu na cruz, e ressuscitou corporalmente dentre os mortos, e agora reina sobre a terra e o céu.

Na redenção da culpa, pena, domínio e corrupção do pecado, somente por meio da morte expiatória do Senhor Jesus Cristo, nosso representante e substituto, o único mediador entre os pecadores e Deus.

Em que aqueles que crêem em Cristo são perdoados de todos os seus pecados e aceitos por Deus somente por causa da justiça de Cristo imputada a eles; esta justificação é um ato da misericórdia imerecida de Deus, recebida apenas pela confiança em Cristo e não por suas próprias obras.

Em que somente o Espírito Santo torna a obra de Cristo eficaz para os pecadores, levando-os a se voltarem de seus pecados para Deus e a confiar em Jesus Cristo.

Em que somente o Espírito Santo habita em todos aqueles que ele regenerou. Ele os torna cada vez mais semelhantes a Cristo em caráter e comportamento e lhes dá poder para o seu testemunho no mundo.

Na única Igreja, Santa e Universal, que é o Corpo de Cristo, à qual todos os cristãos verdadeiros pertencem e que na terra se manifesta nas congregações locais.

Em que somente o Senhor Jesus Cristo voltará pessoalmente, como o juiz de todos, para executar a justa condenação de Deus sobre aqueles que não se arrependeram e receber os remidos na glória eterna.

Um ponto importante que se deve ter em mente é que o que determina uma tradição denominacional ou mesmo a fé da igreja cristã não é a posição de um teólogo em particular, mas as confissões adotadas em concílios ou por segmentos representativos da igreja cristã. Nesse sentido, a fé cristã é definida a partir do Credo dos Apóstolos, do Credo de Niceia e pela Definição de Calcedônia. E a fé evangélica, construída e dependente da primeira, é determinada por documentos como a Confissão de Augs burgo, o Catecismo de Heidelberg, a Confissão Belga, a Confissão de Fé de Westminster e a Declaração Teológica de Barmen.

O cristianismo histórico é confessional desde o seu princípio: “Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus; mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10.32-33). Nesse sentido, se desejamos uma renovação da igreja que opere uma mudança na sociedade, precisamos confessar vigorosamente as antigas doutrinas cristãs e evangélicas como afirmadas nos antigos credos e confissões de fé.

Então, a partir desse ponto, devemos pregar e ensinar doutrinariamente na igreja e nos seminários teológicos, enfatizando a centralidade e autoridade das Escrituras, a doutrina da Trindade – que nos ensina que Deus é o Pai, o Filho e o Espírito Santo –, os ofícios e a obra de Cristo – verdadeiro Deus, verdadeiro homem –, o pecado e a culpa, a expiação, a regeneração, a fé e o arrependimento, a justificação, a santificação como obra do Espírito Santo, julgamento, céu e inferno, e, em tudo isso, denunciando o cristianismo hipócrita e nominal.

Nossa atenção precisa voltar-se para o fato de que é a verdadeira doutrina que produz a verdadeira unidade na igreja cristã (Ef 4.1-16).

Agora, uma palavra especial para aqueles que têm servido à igreja na pregação e no ensino. Não basta apenas uma recuperação teológica, pois se nossa teologia não serve para ser pregada, então ela é uma má teologia. Precisamos recuperar uma pregação bíblica, que seja expositiva, doutrinária e prática. Precisamos de pregadores expositivos, que busquem pregar toda a Palavra de Deus, e saibam que somente o Espírito Santo, ligado à Palavra, pode salvar pecadores e edificar a igreja.
A prática da pregação de Martinho Lutero em Wittenberg é uma boa ilustração da centralidade da Palavra de Deus no ministério cristão. Na Igreja do Castelo, no domingo, às 5h, ele pregava nas Epístolas Paulinas; ainda no domingo, às 9h, pregação nos Evangelhos Sinóticos; e no domingo à tarde, pregação baseada nos temas do Catecismo menor; nas segundas e terças, pregação nos temas do Catecismo menor; na quarta, pregação no Evangelho de Mateus; na quinta e na sexta, pregação nas Epístolas Gerais; e, no sábado, pregação no Evangelho de João. Aqui temos um bom modelo de pregação numa congregação, onde estilos literários bíblicos diferentes são bem combinados na pregação, e unidos com aulas catequéticas. Por isso, podia se afirmar de Lutero que ele pregava ensinando e ensinava pregando. Em nosso tempo, D. M. Lloyd-Jones pregou dez anos na epístola aos Romanos, e seis anos na epístola aos Efésios – e sua igreja ficava lotada!

Lutero, Lloyd-Jones e outros que têm seguido esse método de pregação buscam enfatizar “todo o desígnio de Deus” (At 20.27), pregando toda a Escritura para o povo de Deus. Em outras palavras, o ministro cristão será um “pastor ensinador” (cf. Ef 4.11).

No tempo da Reforma, tal modelo de pregação foi um claro ataque contra os métodos de ensino católicos. Estes usavam a dramatização, que era chamada de dramatização dos mistérios, quando atores profissionais eram pagos para, junto ao altar, representar diante do povo, que eles consideravam inculto e incapaz, as verdades das Escrituras, muitas vezes romanceadas. Mas, segundo a Segunda Confissão Helvética,“a pregação da Palavra de Deus é a Palavra de Deus”:

Portanto, quando esta Palavra de Deus é agora anunciada na Igreja por pregadores legitimamente chamados, cremos que a própria Palavra de Deus é anunciada e recebida pelos fiéis; e que nenhuma outra Palavra de Deus pode ser inventada, ou esperada do céu: e que a própria Palavra anunciada é que deve ser levada em conta e não o ministro que a anuncia, pois, mesmo que este seja mau e pecador, contudo a Palavra de Deus permanece boa e verdadeira.

Então, por causa do elevado conceito que as Escrituras tem de si mesmo (1Tm 3.16; 2Pe 1.19-21), por entender que a exposição da Palavra é o meio de salvação (Rm 10.13-17; 1Pe 1.23), e que o homem, por ter a imagem de Deus, é um ser com capacidades racionais, nossos pais espirituais rejeitaram esses acréscimos. O único sacramento que eles aceitaram era a pregação da Palavra de Deus.

Além disso, a pregação bíblica não pode ficar de fora dos cultos, pois é parte integrante da adoração. Portanto, precisamos voltar a ensinar toda a Palavra, não apenas aquilo de que gostamos mais ou que nos é mais familiar, mas toda a Palavra de Deus. Quando o fiel ensino e a pregação da Palavra são negligenciados, sempre surgirão superstições e crendices dentro da própria igreja evangélica.

Os ministros da Palavra devem ser pregadores práticos, lidando com os casos de consciência. Assim sendo, eles devem aplicar a Escritura àqueles que ainda estão em seus pecados, aos que estão lutando com alguma doença ou passando pela“noite escura da alma” e aos que estão crescendo na fé.

Toda essa questão se torna ainda mais urgente quando vemos que, em pesquisa realizada em 2010, cerca de 51% dos pastores e líderes evangélicos brasileiros nunca leram a Escritura por inteira pelo menos uma vez, o que explica o declínio da qualidade dos ministros em nosso país e a grande quantidade de ensinos que estão em ruptura com a fé cristã histórica.

Precisamosser igrejas bíblicas, criativas e relevantes. Ao definirmos “igreja”, pode-se lembrar de que, em termos confessionais, duas marcas caracterizam a verdadeira igreja: a Palavra de Deus pregada e ouvida em toda a sua pureza e a correta administração dos sacramentos do batismo e da ceia do Senhor. Como declara a Confissão de Augsburgo:
Ensina-se também que sempre haverá e permanecerá uma única santa igreja cristã, que é a congregação de todos os crentes, entre os quais o evangelho é pregado puramente e os santos sacramentos são administrados de acordo com o evangelho. Porque para a verdadeira unidade da igreja cristã é suficiente que o evangelho seja pregado unanimemente de acordo com a reta compreensão dele e os sacramentos sejam administrados em conformidade com a palavra de Deus. E para a verdadeira unidade da igreja cristã não é necessário que em toda a parte se observem cerimônias uniformes instituídas pelos homens. É como diz Paulo em Efésios 4: ‘Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo’.

O Novo Testamento oferece limites para sermos igreja, mas dentro desses há bastante liberdade para adaptações às mudanças que aparecem em diferentes lugares e épocas.

Partindo desse ponto, precisamos reafirmar, de forma criativa, a vida em comunidade. Para isso, devem ser encorajados meios para incluir os vários dons espirituais dos cristãos no ministério de nossas igrejas, lembrando que cada crente é importante e tem um ministério necessário no corpo de Cristo (Rm 12.4-8; 1Co 12.8-11,28-30; Ef 4.11-16; 1Pe 4.8-11).

Ao mesmo tempo, todos os membros deveriam estar conscientes de suas responsabilidades de mútua submissão e autodoação na igreja em que participam (Ef 5.18-21). A igreja existe para nutrir relações de cuidado entre seus membros (1Co 13.1-13). Como bem lembra Horrell, é preciso cultivar amizades profundas, para imitar a igreja do Novo Testamento. “Cultos nos lares, núcleos de estudos bíblicos, retiros e outras formas de comunhão contribuem para reunir em amor o povo de Deus, exaltando a alegria e o amor da Trindade, antecipando a comunhão abençoada do céu”.

O ensino bíblico sobre a aliança precisa ser redescoberto. Em termos bíblicos, um pacto ou aliança é um vínculo de sangue graciosa e soberanamente administrado, na medida em que “sem derramamento de sangue, não há remissão” (Hb 9.22). Portanto, as Escrituras registram a promessa do mediador pactual, o Senhor Jesus Cristo, no Antigo Testamento, e o cumprimento de tal juramento, no Novo Testamento. Essa doutrina funciona como o tema unificador das Escrituras Sagradas.

Em termos práticos, a aliança é o vínculo dos crentes na comunidade da fé. Se, de um lado, pecadores são chamados soberana e graciosamente por Deus para a salvação, estas novas criaturas (2Co 5.17), agora renovadas pelo Espirito Santo, são incluídas numa comunidade que está ligada por um vínculo pactual gracioso e soberano com o próprio Deus, por meio de Jesus Cristo, e entre si mesma. Portanto, é preciso lembrar a esta comunidade da aliança que o Senhor tem prazer em cumprir suas promessas pactuais, assim como exige obediência às exigências pactuais estabelecidas por ele mesmo.

O preço do discipulado e a disciplina precisam ser enfatizados, pois o que tem prevalecido na cultura da malandragem e do jeitinho é aquilo que Dietrich Bonhoeffer chamou de “graça barata”. Portanto, precisamos recuperar o ensino da graça custosa, que exige tudo daqueles que ouvem o chamado evangélico para seguir o Senhor Jesus Cristo:

A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, é o batismo sem a disciplina de uma congregação, é a Ceia do Senhor sem confissão de pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado.

A graça preciosa é o tesouro oculto no campo, por amor do qual o homem sai e vende com alegria tudo quanto tem: a pérola preciosa, para adquirir a qual o comerciante se desfaz de todos os seus bens; o governo régio de Cristo, por amor do qual o homem arranca o olho que o escandaliza; o chamado de Jesus Cristo, ao ouvir do qual o discípulo larga as suas redes e o segue.

A graça preciosa é o evangelho que há de se procurar sempre de novo, o dom pelo qual se tem que orar, a porta à qual se tem que bater. Essa graça é preciosa porque chama ao discipulado, e é graça por chamar ao discipulado de Jesus Cristo; é preciosa por custar a vida ao homem, e é graça por, assim, lhe dar a vida; é preciosa ao condenar o pecado, e é graça por justificar o pecador. Essa graça é sobretudo preciosa por tê-lo sido para Deus, por ter custado a Deus a vida de seu Filho – ‘fostes comprados por preço’ – e porque não pode ser barato para nós aquilo que para Deus custou caro. A graça é graça sobretudo por Deus não ter achado que seu Filho fosse preço demasiado caro a pagar pela nossa vida, antes o deu por nós. A graça preciosa é a encarnação de Deus.

A graça preciosa é a graça considerada santuário de Deus, que tem que ser preservado do mundo, não lançado aos cães; e é graça como palavra viva, a Palavra de Deus que ele próprio pronuncia de acordo com o seu beneplácito. Chega até nós como gracioso chamado ao discipulado de Jesus; vem como palavra de perdão ao espírito angustiado e ao coração esmagado. A graça é preciosa por obrigar o indivíduo a sujeitar-se ao jugo do discipulado de Jesus Cristo. As palavras de Jesus: ‘O meu jugo é suave e o meu fardo é leve’  são expressões da graça.

Durante quase dois mil anos, os Salmos foram centrais para a devoção da igreja cristã, ensinando os fiéis a orar, em resposta ao Deus que se revela, uma confissão e glorificação ao Deus trino, criador, redentor e restaurador. Na igreja primitiva e durante a reforma protestante, quando um pastor queria ensinar sua congregação sobre a oração, pregava nos Salmos. Portanto, as igrejas e comunidades cristãs devem redescobrir o saltério como o livro de oração dos crentes, a escola onde se aprende a orar, sempre de novo. E esta oração pode e deve ser aprendida por meio da leitura orante dos salmos em comunidade.

As Escrituras, dessa forma, não são apenas a perfeita revelação de Deus, mas guia do cristão em suas lutas e vitórias – não apenas atos históricos passados e distantes, mas eventos vivos, aqui e agora.

Precisamos também recuperar o rico conceito bíblico de sacerdócio de todos os crentes (1Pe 2.5,9; Ap 1.6; 5.10; 20.6). Segundo Lutero, todo cristão é sacerdote de alguém, e somos todos sacerdotes uns dos outros. Esse sacerdócio deriva diretamente de Cristo, pois “somos sacerdotes como ele é sacerdote”. É uma responsabilidade tanto quanto um privilégio: “O fato de que somos todos sacerdotes significa que cada um de nós, cristãos, pode ir perante Deus e interceder pelo outro. Se eu notar que você não tem fé ou tem uma fé fraca, posso pedir a Deus que lhe dê uma fé sólida”. Portanto, não podemos ser cristãos sozinhos, precisamos da “comunhão dos santos”: uma comunidade de intercessores, um sacerdócio de amigos que se ajudam, uma família em que as cargas são compartilhadas e suportadas mutuamente. Nem todos podem ser pastores, mestres ou conselheiros. Há um só estado – todos os cristãos são sacerdotes –, mas uma variedade de funções – cada cristão tem um chamado específico da parte de Deus, para glorificá-lo no mundo.

Em todas essas coisas, somos ensinados que Deus Pai, em Jesus Cristo, por meio do Espírito Santo, nos chama como indivíduos para vivermos em comunidade.

Num tempo de mudanças tão profundas e desafiadoras, temos diante de nós uma grande tarefa: a de, na dependência do Espírito, orar, pregar e ensinar, de tal forma que vejamos em nosso tempo uma igreja pura, ortodoxa, santa e relevante para a sociedade. O Livro de orações comum expôs toda nossa responsabilidade e toda a nossa esperança na tarefa de proclamarmos com força renovada a fé evangélica:

Todo poderoso e eterno Deus, que pelo Espírito Santo presidiste o concílio dos abençoados apóstolos, e tem prometido, por teu Filho Jesus Cristo, estar com tua Igreja até o fim do mundo; (...) Livra-nos do erro, da ignorância, do orgulho e da parcialidade; e confiados em tua grande misericórdia, te imploramos, dirige, santifique e governe em nosso trabalho, pelo grande poder do Espírito Santo, a fim de que o confortante evangelho de Cristo seja verdadeiramente pregado, verdadeiramente recebido e verdadeiramente seguido em todos os lugares, para a derrota do reino do pecado de Satanás e da morte; até que ao fim todas as tuas ovelhas dispersas, sejam reunidas em um só rebanho, e se tornem participantes da vida eterna; pelos méritos e morte de Jesus Cristo, nosso salvador. Amém.



Obras consultadas e sugeridas para aprofundamento do assunto:

Beeke, Joel;  Ferguson, Sinclair. Harmonia das confissões reformadas. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.

Bonhoeffer, Dietrich. Discipulado. São Leopoldo: Sinodal, 2001.

Ferreira, Franklin; Myatt, Alan. Teologia sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2007.

Curso Vida Nova de teologia básica: teologia sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2013.

O uso dos Salmos na devoção cristã. Revista Teologia Brasileira 10 (2012). http://www.teologiabrasileira.com.br/teologiadet.asp?codigo=294.

Horrell, J. Scott. O Deus Trino que se dá, a imago Dei e a natureza da igreja local. VoxScripturae, 6/2, dez./1996, p. 243-262.

Comissão Permanente de Doutrina da IPB. A Igreja Universal do Reino de Deus: sua teologia e sua prática. São Paulo: Cultura Cristã, 1997.

Livro de Oração Comum: forma abreviada e atualizada com Salmos litúrgicos. Porto Alegre: Igreja Episcopal do Brasil, 1999.

Lopes, Augustus Nicodemus. Sobre liberais, parasitas e neoliberais. O Tempora! O Mores! http://tempora-mores.blogspot.com.br/2006/01/sobre-liberais-parasitas-e-neoliberais.html.

Machen, J. Gresham. Cristianismo e liberalismo. São Paulo: Shedd, 2012. Robertson, O. Palmer. O Cristo dos pactos. São Paulo: Cultura Cristã, 2011. Schaeffer, Francis. A igreja no século 21. São Paulo: Cultura Cristã, 2010. Trueman, Carl R. O imperativo confessional. Brasília (DF): Monergismo, 2012.

Wright, R. K. McGregor. A soberania banida: redenção para a cultura pós-moderna. São Paulo: Cultura Cristã, 1998.

Fonte: Excerto do Livro Servos de Deus, Franklin Ferreira (Conclusão).